espelho mágico.
Nos fundos da antiga casa do meu já falecido avô, havia um quintal e, bem lá numa velha parede de tijolos cheia de limo, havia um espelho. Suas bordas estavam já desgastadas pelo tempo, e boa parte do vidro havia sido impregnada por um camada branca e fosca que bloqueava os reflexos. Mas se você se concentrasse e olhasse bem no centro do espelho, se olhasse através da ação do tempo, do desgaste e da poeira, você conseguiria ver o seu reflexo. Mas o que eu nunca contei a ninguém é que aquele espelho não era um espelho velho qualquer, na verdade ele era um espelho mágico, e dependendo de como e em que momento do dia você olhasse, e de quem você era quando olhasse, aquele espelho se tornava uma janela capaz de te mostrar outros mundos. Durante o dia, quando não havia nenhuma amiga nuvem no céu e o sol escarlate machucava carne, ossos e sonhos, havia do outro lado dessa janela um mundo perturbador, com uma figura ainda mais perturbadora a me encarar. Dentre tudo que eu via, dentre todos qu...