eu sou o fim do mundo.
eu irei ganhar o mundo. e não importará que o mundo seja grande demais para mim. não importará se pressão for grande e sufocante demais, nem se posso ouvir meus ossos enfraquecidos se partirem e virarem poeira. nem se a vontade que arde em meu coração é de socar o belo e pútrido rosto que me encara de volta no espelho até ele ficar ainda mais belo e ainda mais pútrido. não importará se a voz que grita na minh mente é alta demais, mais alta que as vozes que vem de fora, nem se meus tímpanos cansados já desintegraram a séculos e séculos antes de eu nascer. e se o aperto no peito for raiva ou câncer ou meu coração explodindo e parando em um único segundo simultaneamente pela eternidade, isso também não terá importância. e nem as empresas, as corporações, as instituições, as provas nas quais nunca passarei, todos que me rejeitaram ficarão para trás, soterrado pela pilha incontável dos meus próprios cadáveres.
e mesmo assim nada disso dirá a eles como me senti, como foi segurar o peso do mundo, como foi lidar com os monstros do espelho, como foi lidar com os horrores inomináveis que meus olhos viram eu fazer, os pesadelos que minha mente forjou com a lembrança fluorescente de meus atos.
e nem as lágrimas químicas, e nem a chuva que faz falta e inunda os campos férteis da minha imaginação depreciativa, fervendo e borbulhando em uma erupção de culpa e raiva e dor e morte.
toco as marcar na superfície abstrata do meu rosto, os seus dedos e seu carinho impregnado em alto relevo na minha pele e no meu coração que pulsa e bombeia sangue que jorra das feridas que eu mesmo abri, eu mesmo costurei. o que eu faço, eu pago e eu cobro.
eu irei destruir o mundo, e não me digam que as sentenças merecidas não levam meu nome nelas. não me digam que a paralisia mórbida que fode os meus músculos e meu raciocínio não existe, porque eu a sinto, eu sinto a vontade de destruir, dinamitar, assassinar, quebrar em pedacinhos tudo de belo que há no mundo feio e nojento que meus olhos vêem e que só existe aqui dentro.
vontade de me destruir. de correr ladeira acima. de sentir meus pulmões cheios de fumaça colapsarem e aquiescerem.
eu irei deixar o mundo arder. e em seguida deixarei ele congelar e já posso sentir as lâminas de gelo cortando minha pele envelhecida e enrrugada.
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