furo de roteiro.
hoje lembrei de você. lembrei da sua ausência. lembrei do quão impensável era, alguns anos atrás, a ideia de não ter você e talvez seja exatamente por isso que você partiu. eu deveria ter contado com a possibilidade de não acabar e assim talvez tivesse feito tudo melhor. você partiu porque podia, sempre pôde. sempre foi livre e eu amei a sua liberdade, apesar da dor que sentia ao contrastá-la com minha prisão. mas agi como se não amasse, te amei como se fosse meu e você nunca fui e eu deveria nunca ter esquecido disso.
parecia que seria para sempre. e de certa forma foi para sempre até que não foi mais. hoje te vejo nos palcos, sob os holofotes e sei que você vai conquistar o mundo.
quando nós acontecemos, me lembro de rirmos e dizermos que havia sido tão inesperado, tão surpreendente, (mas tão bom, tão certo) que os roteiristas da nossa história deveriam estar malucos, pulando de suas cadeiras e rasgando os roteiros. como aquilo acontecera?
sabe, me pergunto o que eles estariam pensando agora.
cá entre nós, espero que planejem algum plot twist bom pra gente. já me cansei do gênero tragédia.
tanto tempo se passou depois que você se foi. tanto tempo corrido parado escorregando de pouco em pouco em um ponteiro de relógio que desce e descendo perfura meu peito.
e da terra até júpiter, eu corri pra longe de você mas não saí do lugar.
da sua cosmonauta,
Nina.
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