Domingo, ?? de novembro de 2014.

O peso do fracasso machuca meus ombros e curva minhas costas. O frio que sinto é prova de falta de um cobertor de segurança que não me protege. Por que desisti de mim? Por quê?! Por que me deixei cair na masmorra do Nada, absorvendo meu sangue e minha vida, se alimentando das minhas boas ideias e da minha energia criativa? Não, não faço parte do grupo dos que venderam sua alma para permanecerem vivos e bem, não, eu sofro na pele enquanto essa mesma pele é ferida, arrancada de mim. E já não posso me esconder, não posso tapar o rosto com as mãos pois não há mais carne nelas, e eles veem meu rosto fracassado e úmido por entre a brancura de meus ossos trincados. Já não posso me virar para a parede para o ocultar-me dos demônios que gritam FRACASSO-FRACASSO-FRACASSO-FRACASS-FRACA-FRACO. Eles gritam e me chutam e me estapeiam e eu me pergunto o que fiz de errado, onde dei o passo em falso, eu não quis me vender, não quis perder a mim mesmo? Foi isso? Quais meus crimes? Parem de arrancar a carne e os músculos da minha face ao me oprimirem e friccionarem contra o muro de pedras ásperas da minha vergonha por ser quem sou hoje (NADA!), por não ser como eles (TUDO!), por não ter construído nada (VOCÊ É NADA E ELES SÃO TUDO, ELES TEM TUDO E VOCÊ NÃO TEM NADA, ELES SÃO E VOCÊ NÃO É!). E eu só quero que pare, só quero que parem de me dizer o que fazer, só quero parar de querer fazer e quero parar de querer (OLHE COMO ELES SÃO ORGANIZADOS, OLHE COMO ELES PROGREDIRAM, OLHE COMO ELES). Eu sei, eu sei que esses remédios mexem comigo. Eu não deveria tomar eles. Mas só tomo um por vez, eu juro. Mas ele trás essa raiva de mim e é bom ter raiva de mim, eu mereço. Não? (MERECE!). E todos os seus perfis coloridos e todas as suas faculdades e diplomas e suas contas bancárias, onde estão as suas, Álex, onde estão as suas? (NÃO EXISTEM, VOCÊ NÃO EXISTE ÁLEX!) Por que estou escrevendo essas frases em caixa alta? Por que não sou como eles? Por que não tenho sonhos mais simples, por que não realizo as coisas como eles, por que não percorro o caminho que esperam que eu siga? Por que eu, porque sim, porque eu, por que eu não? Vou dormir, cansei de escrever nesse diário. Um só comprimido já me derruba depois dessa raiva, por que tomei dois?! PARA DE FAZER PERGUNTAS. 

Álex Taylor

(por que?)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Grande Manifesto

a (última) nuvem.

nota_5