Os grandes The End's da vida.

"Tudo desaparece, não é? Tudo que achamos que somos em um momento se vai, como a respiração em um
 espelho."
Doctor Who - 11° Doutor

Eu entendo. Eu realmente entendo que tudo se vai, e uma hora voltaremos ao pó, o mesmo do qual viemos. Nada é eterno, e é possível pensar que nada é minimamente duradouro. Estou sentado na sacada de um lugar alto, agora. Não, não vou pular. Mas sabe, tô aqui, olhando pra cima. Essas nuvens passam tão depressa, carregadas pelo vento. Mas saber que tudo é tão breve, tão efêmero, não te blinda de se apegar. A coisas, a pessoas, a situações. Pelo menos a mim não blinda nada. Só me torna um maldito masoquista. Se sei que tudo passa, porquê diabos insisto em tentar ficar? Uma vez um professor de física disse que se a terra parasse de girar subitamente, tudo em sua superfície iria ser jogado no espaço, graças ao princípio da inércia, ou Primeira Lei de Newton. Me sinto nessa situação, tentando me agarrar em qualquer coisa pra não ser jogado pra fora de qualquer outra coisa. Mas no fim, nada dá certo. Eu sou jogado mesmo assim. Não há onde se agarrar, sabe?! E você tenta, luta, chora. Você seria capaz de se fundir a qualquer coisa minimamente sólida pra tentar permanecer, mas até o que é sólido é jogado. Se eu sei que tudo passa, afinal qual o motivo de eu sentir falta de tudo e de todos? Sabe, meus sonhos e projetos de vida são uma escolha complicada. Minha vida é um quebra cabeça complexo. E tudo parece me dizer uma coisa. Não crie raizes, Eu. Não se apegue em nada, pois tudo vai se esvair. A vida escorre como areia por entre os malditos dedos do tempo. Eu só espero ser forte o suficiente. Para continuar sozinho, sabe? Fui ler o livro de Shakespeare, A Tempestade. Descobri que eu também naufrago. Todos naufragamos, as diversas versões  - talvez infinitas - de mim. Só me resta admitir, como o 12° Doutor. Quem eu sou é onde estou e onde estou é onde eu caio. E aqui eu caio, e faz só um centímetro que caí, faz só um segundo também. Eu me acostumei a ver partidas, e também a partir. Mas não com a maldita dor, não com a saudade do inferno que aperta o peito de tal forma que já não é psicológico, é físico. E sigo aqui. No meu quebra cabeça inevitável. E bebendo café adoçado com overdose de nostalgia. Os mil milhões de amores que dediquei a todos que se foram, a tudo que se foi, e os que dedicarei a todos que vierem e a tudo que vier se converterão em mil milhões de lágrimas. Em algum momento. 

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